O selênio é um oligoelemento essencial para o funcionamento adequado do organismo, desempenhando um papel crucial na saúde da tireoide. Durante a menopausa, quando as alterações hormonais podem impactar diversas funções corporais, é fundamental compreender o papel do selênio e como ele pode influenciar a saúde tireoidiana e o bem-estar geral.
A importância do selênio na tireoide
O selênio é componente de selenoproteínas, como as enzimas deiodinases, que são responsáveis pela conversão do hormônio tireoidiano T4 em T3, a forma biologicamente ativa do hormônio. Essa conversão ocorre nos tecidos e é essencial para o metabolismo e as ações sistêmicas do hormônio tireoidiano.
A deficiência grave de selênio é rara, mas pode causar síndromes como miocardite, cardiomiopatia, hipotireoidismo e outros problemas, como fraqueza muscular e alterações nas unhas. Deficiências leves podem ser mais inespecíficas, manifestando-se como dores articulares e musculares ou anemia. Pessoas em regiões com solos pobres em selênio, vegetarianos estritos e indivíduos com condições médicas como HIV, em hemodiálise ou nutrição parenteral, estão mais vulneráveis.
Selênio e doenças autoimunes da tireoide
Na tireoidite de Hashimoto, a suplementação de selênio tem sido estudada por seu potencial em reduzir os níveis de anticorpos antitireoidianos, como o TPO. Uma meta-análise recente de 11 ensaios clínicos randomizados indicou uma redução significativa desses anticorpos em pacientes com níveis basais elevados. No entanto, apesar da redução nos anticorpos, não foram observadas melhoras significativas em parâmetros clínicos, como TSH, qualidade de vida ou necessidade de ajuste na dose de levotiroxina.
No caso da doença ocular da tireoide, um estudo controlado randomizado publicado no New England Journal of Medicine demonstrou que 200 µg de selênio ao dia resultaram em melhora da qualidade de vida e dos sintomas inflamatórios em comparação ao placebo. Esses dados ressaltam o papel do selênio em condições com componente inflamatório e autoimune.
Fontes dietéticas e suplementação de selênio
O selênio pode ser obtido por meio da dieta. Fontes ricas incluem castanhas-do-brasil, cogumelos (shiitake e button), vegetais verdes, cevada e sementes. Produtos de origem animal também são boas fontes, desde que a alimentação desses animais contenha selênio. A dose recomendada é em torno de 200 µg/dia, com um limite máximo de 400 µg/dia para evitar toxicidade.
Em casos específicos, como em pacientes com Hashimoto ou doença ocular da tireoide, a suplementação pode ser considerada sob orientação médica. Contudo, a monitoração de níveis de selênio é raramente necessária em indivíduos sem fatores de risco para deficiência.
Selênio e atividade antioxidante
Outro papel crucial do selênio está em sua atividade antioxidante, mediada por enzimas como a glutationa peroxidase. Essa ação ajuda a reduzir o estresse oxidativo e os radicais livres, que podem contribuir para o dano à tireoide e desencadear respostas autoimunes.
Limitações e futuras pesquisas
Apesar de evidências promissoras, ainda há limitações significativas na tradução dos benefícios do selênio em resultados clínicos concretos. Estudos futuros são necessários para elucidar os mecanismos envolvidos e determinar seu impacto na saúde tireoidiana, particularmente em condições autoimunes.
Conclusão
O selênio, portanto, desempenha um papel vital na função tireoidiana e na regulação imunológica, mas sua suplementação deve ser considerada com cautela. Durante a menopausa, quando alterações hormonais podem exacerbar problemas de saúde, o selênio pode ser um aliado, especialmente por meio de uma dieta equilibrada. A consulta médica é essencial para avaliação personalizada e segurança no manejo dessa suplementação.